sexta-feira, 31 de outubro de 2008
10/04/2008
“Ao aprendiz como sujeito de sua aprendizagem corresponde, necessariamente, um professor sujeito de sua prática” (Telma Weisz).
Leitura compartilhada: “Gente que mora dentro da gente” (Jonas Ribeiro).
VÍCIOS DA FALA
Osvawald de Andrade
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mio
Para pior dizem pio
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
COMENTÁRIOS
Existem duas variantes neste texto, uma que se trata da forma culta e que representa a pessoa que escreveu, e outra se trata da pessoa que fala, ou que faz uso da língua, não se preocupando com as normas padrões.
Mais devemos lembrar que um “erro” só é “erro” quando encontrado isoladamente, pois quando é falado por um número significativo de pessoas, isso passa a ser chamado de variantes da linguagem.
São inúmeras as variações, algumas mais comuns outras não. Enquanto professores é muito comum estes acontecimentos em sala de aula, na verdade não sei muito como lidar com eles, ainda me sinto angustiada com relação a este assunto, pois sei que mesmo não estando escrito na norma padrão, é possível estabelecer a comunicação.
Alguns questionamentos foram propostos pela tutora Adriana:
COMO EU FALO?
Não falo muito, falo devagar, procurando monitorar a minha fala, pois acredito que na profissão de educadora devo dar o exemplo, admiro muito uma pessoa que se expressa com clareza e precisão.
COMO MINHA FALA SE APRESENTA PARA O OUTRO?
Sou sempre breve, e objetiva e acredito que sou sempre bem compreendida.
Falaremos agora um pouco sobre alguns “mitos” segundo Marcos Bagno.
MITOS:
· “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente.”
· “Brasileiro não sabe português, só em Portugal se fala bem português.”
· “Português é muito difícil.”
· “As pessoas sem instrução (escolaridade) falam tudo errado.”
· “Lugar onde melhor se fala português no Brasil é no Maranhão.”
· “O certo é se falar assim porque se escreve assim.”
· “É preciso saber gramática para saber falar e escrever bem.”
· “O domínio da norma culta é um instrumento de acessão social.”
Muito, foi comentado nesta aula sobre estes mitos, que na opinião de muitos dos professores cursistas, não são apenas mitos, alguns se trata na verdade da nossa realidade, como por exemplo , quando se diz que o domínio da norma culta facilita a acessão social, não esta dizendo uma asneira, muitas pessoas valorizam isto, e em alguns lugares servem até mesmo como processo de seleção e exclusão, como em uma entrevista de emprego, por exemplo.
QUARTO ENCONTRO
17 Abril 2008
“Quase me apetece dizer que não há uma língua portuguesa, há línguas em português.”
(José Sarampo)
No início da aula assistimos há algumas partes do filme “O auto da compadecida”, o que foi de suma importância para compreendermos, que é possível estabelecer um diálogo entre as pessoas ainda que estas não sejam dominantes da norma padrão.
Em seguida a tutora Adriana lançou uma pergunta: O que é ser um bom falante?
Ser um bom falante é antes de tudo, falar de forma clara de modo que todos os ouvintes possam entender e compreender a mensagem em qualquer situação. Varias sugestões foram colocadas todas dentro do mesmo contexto.
Sabemos que falas como as que vimos no filme, são ainda hoje marginalizadas e criticadas por muitas pessoas, por se tratar de uma fala estereotipada como uma “fala errada”, é o que muitas vezes acontece dentro da sala de aula.
O que acontece é que os brasileiros que tiveram acesso à escolarização formal, que dominam os usos mais complexos da escrita e que vivem nos ambientes urbanos mais valorizados consideram que o seu modo de falar o português “é melhor” que o dos seus compatriotas sem instrução formal, analfabetos ou semi-analfabetos e moradores das zonas rurais ou das periferias das grandes cidades, ou seja, a grande maioria da nossa população.
Ainda bem, que estamos despertando para este “erro” que é julgar as pessoas pela maneira como ela fala, descobrindo que no lugar de julgar podemos nos aprimorar para melhor entendermos estes acontecimentos tão comuns na nossa realidade.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
MEMORIAL REFLEXIVO
Meu ingresso ao magistério, teve início como muitos professores, desde criança carregava comigo uma grande admiração pelos profissionais desta área. Mais tive como marco o exemplo de uma pessoa muito querida, trata-se de uma amiga da minha família que ficou viúva muito cedo e precisou ganhar a vida e o sustento de seus filhos sozinha, e o fez lecionando para crianças da pré-escola.
Acompanhei durante toda a minha infância a vida desta professora, que deixava os seus filhos sozinhos para ir tomar conta dos filhos de outras pessoas, eu, enquanto criança achava tudo muito bonito. Era mesmo admirável o amor com que ela tratava aquelas crianças, e a dedicação com que assumia aquela responsabilidade a mais na sua vida.
Somente mais tarde consegui entender porque eu achava tão interessante aquela historia, era a vocação que já se manifestava em mim, entendi que era uma profissão realmente muito importante, mais que exigia muita dedicação e interesse para acessão futura.
Com o passar dos anos pensei que esse sonho de ser professora iria acabar me abandonando, mais somente se confirmou, e não tive então outra opção a não ser seguir o meu coração e concluindo os meus estudos fazendo o curso de magistério.
Cursei o segundo grau na cidade de Unaí MG, na Escola Estadual Dom Eliseu, onde na época fazia-se o curso em três anos.
Somente mais tarde eu soube que naquela época não era necessário ter feito o curso de magistério para lecionar, bastava manifestar o interesse e as coisas aconteciam. Pude também mais tarde perceber que nem tudo eram flores naquela tão bonita e sonhada profissão .
PROPÓSITOS PESSOAIS
Ao iniciar este trabalho tenho a pretensão de externa o meu aprendizado durante este curso, o que a princípio não me parece nada fácil pois sabemos que a língua que cada um fala é um fator muito importante de sua identidade, pois acaba relevando muito sobre o seu falante,como por exemplo o meio em que vive e sua classe social.
Pude perceber após o meu ingresso neste curso que as coisas vem mudando, e que temos que acompanhar essas mudanças para que não fiquemos tachados como professores ultrapassados, e que verdadeiramente não acompanham a evolução da educação, uma vez que estamos nos aproximando mais dos nossos alunos quando percebemos que eles podem aprender sem que tenhamos que estar o tempo todo corrigindo ou até mesmo inspecionando milimétricamente cada palavra que nossos alunos escrevem ou pronunciam.
Não é muito fácil para professores como eu formados já há alguns anos, entender e até mesmo aceitar algumas práticas da linguística, mais sabendo dos resultados possíveis de se conseguir adotando estas novas praticas, me sinto motivada a buscar novos conhecimentos, e ao mesmo tempo me atualizar apropriando de novos conhecimentos e acrescentando à minha carreira no magistério esta conscientização, de que podemos ensinar sem estarmos o tempo todo preocupados em monitorar a nossa fala, uma vez que se quebrou aquele mito de que o professor esta sempre certo, e que não pode “errar” nunca.
Neste curso de alfabetização e linguagem estou disposta a tentar quebrar realmente todos os tabus, os quais colecionei durante toda a minha carreira e que não serão fáceis de serem rompidos, mais a determinação de que algo precisa ser feito para que não continuemos a deteriorar a nossa língua materna, me faz consciente da necessidade de buscar alguma mudança em minha conduta enquanto professora.
PROPÓSITO DA DISCIPLINA
Observando a proposta do curso, comprovamos que é de suma importância a divulgação desta nova realidade, que é a linguística, talvez nem seja tão nova assim, o quanto nos parece , mais esta ampliação da divulgação é uma novidade no mundo escolar. Tendo em vista que os principais interessados somos nós professores é admirável a iniciativa de nos proporcionar esta possibilidade de conhecer mais de perto os conceitos, ou melhor dizendo as práticas utilizadas para melhorar a interatividade entre nossos alunos.